terça-feira, 15 de junho de 2010

ESPASMO PATRIÓTICO

O brasileiro é, definitivamente, um tipo curioso.

Diferentemente de boa parte dos cidadãos de outros países, em termos de exercício de cidadania, o brasileiro hiberna em períodos quadrienais. De forma pachorrenta, assiste a toda sorte de falcatruas, negociatas e omissões, tanto do setor privado quanto (principalmente) na administração pública.

Ao longo da história, o brasileiro aprendeu até (triste sina) a fazer chacota da corrupção. E nessa toada, fez a alegria de contumazes corruptos; alguns famosos, outros menos, que se deleitam e enriquecem de forma inexplicável. Somos uma nação de “macunaímas”, onde a falta de caráter parece ser condição para alguns sujeitos “se darem bem” na vida pública.

O processo eleitoral, tratado em países civilizados como coisa séria, no Brasil é tido por muitos eleitores, apenas como mais uma oportunidade para “faturar algum”, sem qualquer preocupação com o nível dos candidatos, nem com sua folha corrida (que no caso de alguns, seria digna de prontuário policial).

Durante o mandato dos eleitos, o cidadão se esmera em mesuras às “otoridades”, se esquecendo de uma premissa básica: a cobrança das promessas de campanha, o interesse social do orçamento e a fiscalização do gasto do dinheiro público. O resultado dessa incúria são os mensalões, superfaturamentos, negociatas, eucaliptos, hospitais, meias, cuecas e que tais.

Mas, eis que surge a Copa do Mundo de futebol. Aí, o espírito do patriotismo baixa e reacende a chama de brasilidade. Carros com bandeirinhas, todo mundo de camisa amarela, casas enfeitadas. Um país das maravilhas recheado de “alices” festivas.

De quatro em quatro anos, nós calçamos as chuteiras da alienação e damos um pontapé na cidadania.

Somos um país corrupto. Mas somos penta. Quem sabe, com a graça de Deus, hexa.

Boa semana a todos.

edilvomota@hotmail.com
http://saudenatela.blogspot.com

4 comentários:

Unknown disse...

Claro que não sou contra o futebol. Ao contrário, sou um aficcionado. E torço sempre pela vitória da seleção brasileira.

O que irrita é a o "patriotismo" periódico e seletivo dos panacas, que continuarão se omitindo e, por exemplo, jogando latas vazias de cerveja no chão, pra comemorar eventuais vitórias do escrete...

EFGoyaz disse...

E viva o Brasil sil sil sil sil sil.
No fundo, a gente merece mesmo.
Quem deveria ler esse texto dificilmente lerá. Ou se ler, dificilmente entenderá. E se entender, vai é deixar pra lá.

Ianis disse...

Prezado Edilvo,

Claro que somos desportistas!

Não somos é conformistas.

Conformarmos com as não tão eventuais vitórias dos escroques-impunes e suas decisões nos tapetões, certamente seria gol contra.

(...)
Eu sou BRASILEIRO...
Com muito orgulho...
Com muito amor...

Se - o jogo foi sujo...
Fiquei sabendo...
Chuto pro VENTILADOR!
(...)

E se sairmos de campo com o uniforme sujo, já será uma VITÓRIA.

Pelo menos, não foi sujo de M...

Atenciosamente,
Janis Peters Grants.

Anônimo disse...

Que o a postura do brasileiro com relação ao futebol, seja o modelo para nossa postura perante a política.
Somos 180 milhões de técnicos de futebol...
Mas quantos de nós cobramos alguma atitude de nossos governantes e legisladores?