(Artigo publicado em minha coluna semanal "Painel", no jornal "Diário de Araguari")
BARBÁRIE CONSENTIDA
As chocantes cenas, mostradas pela televisão, de torcedores de futebol agredindo, de forma covarde e irracional, outro ser humano, prostrado inerte em plena via pública de Belo Horizonte, é um quadro insano e, lamentavelmente, inserido em nossa rotina. Mais um jovem morto na macabra estatística da pátria de chuteiras.
Perdemos o prumo, perdemos o rumo, perdemos o norte.
A culpa não é do futebol em si. A culpa é de todos nós que permitimos, numa tosca omissão, a degradação de todos os valores que deveriam alicerçar uma sociedade minimamente decente.
Trocamos princípios por valores materiais. Acomodamos nossas bundas e consciências no próprio umbigo e rompemos, de vez, com os limites da tolerância, do respeito ao próximo, da civilidade, enfim.
A permissividade com infrações levíssimas, cometidas por crianças dentro do próprio lar, alimenta a certeza de onipotência e impunidade. Daí, temos adolescentes e adultos sem noção, imaginando que podem tudo, onde e quando quiserem.
Maus tratos com o espaço público, depredações, boates automotivas ambulantes, motocicletas com escapamento aberto, pixações, desinteresse por conteúdos escolares e falta de respeito com professores, são apenas alguns sintomas da grave doença que assola a sociedade.
Hipocritamente, a maioria prefere culpar “os políticos” como se eles não fossem nossa imagem e semelhança. A sensação de impunidade que o jovem sente, no seio da própria família, é reforçada pela certeza absoluta, ante os desmandos de boa parte dos gestores públicos, cujas expectativas de punição prescrevem entre recursos e “recursos”.
Cada povo tem a sociedade que escolhe ser...
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