Megavarredura em DNA revela
74 novos marcadores ligados a câncer
Pesquisa buscou fatores de
risco para tumores de mama, ovário e próstata. Grupo analisou DNA de mais de
200 mil pessoas e publicou 13 artigos.
Do G1,
com informações da AFP. 28/03/2013
A maior
varredura já feita no genoma humano para identificar variações no DNA que
possam estar ligadas a diferentes tipos de câncer localizou 74 alterações
genéticas, segundo 13 artigos publicados em cinco diferentes periódicos
científicos nesta quarta-feira (27) - "Nature Genetics", "Nature
Communications", "PLOS Genetics", "The American Journal of
Human Genetics" e "Human Molecular Genetics".
Os resultados
praticamente dobram o número de alterações genéticas conhecidas associadas aos
cânceres de mama, ovário e próstata. Os três cânceres relacionados com hormônios
são diagnosticados anualmente em mais de 2,5 milhões de pessoas e matam um em
cada três pacientes, reportou a revista científica "Nature" em
comunicado.
Equipes de
cientistas de mais de cem institutos de pesquisas de Europa, Ásia, Austrália e
Estados Unidos informaram que o trabalho deverá, no futuro, ajudar os médicos a
calcular o risco individual de se desenvolver câncer muito antes do surgimento
de qualquer sintoma.
Pessoas com
mutações de alta suscetibilidade poderiam ser aconselhadas a evitar estilos de
vida que poderiam aumentar ainda mais o risco de virem a desenvolver a doença,
se submeter a exames regulares e receber medicamentos ou até mesmo se submeter
a cirurgias preventivas.
"Nós
examinamos 200 mil áreas do genoma em 250 mil indivíduos. Não há outro estudo
sobre o câncer deste tamanho", declarou à agência AFP Per Hall,
coordenador do Estudo Colaborativo Oncológico Genético-ambiental (COGS).
Os estudos
compararam os códigos genéticos de mais de 100 mil pacientes com cânceres de
mama, ovário e próstata aos DNAs de um número igual de indivíduos saudáveis. A
maioria das pessoas pesquisadas tinha origem europeia.
O funcionamento
do DNA passa por quatro compostos químicos, denominados A (adenina), C
(citosina), T (timina) e G (guanina), unidos em diferentes combinações ao longo
de sua dupla hélice. Os cientistas observaram que as combinações de A, C, T e G
de indivíduos com câncer diferiam das de pessoas saudáveis.
SNP
A pesquisa toda gira em torno de buscar diferenças nessas combinações de letras que podem estar ligadas ao surgimento de um tipo de câncer. A variação em uma letra é denominada poliformismo de nucleotídeo único (ou SNP, na sigla em inglês).
A pesquisa toda gira em torno de buscar diferenças nessas combinações de letras que podem estar ligadas ao surgimento de um tipo de câncer. A variação em uma letra é denominada poliformismo de nucleotídeo único (ou SNP, na sigla em inglês).
No caso do
câncer de mama, os cientistas encontraram 49 SNPs associados, "o que é
mais que o dobro do número encontrado anteriormente", anunciou o sueco
Instituto Karolinska, que participou do gigantesco estudo.
"No caso
do câncer de próstata, os pesquisadores descobriram outros 26 desvios, o que
significa que um total de 78 SNPs podem estar ligados à doença",
acrescentou. No câncer de ovário, oito novos SNPs foram encontrados. Alguns
desses SNPs têm associação com diferentes tipos de tumor.
Todo mundo
apresenta alterações no DNA, mas se estas mutações são perigosas ou não depende
de onde está o "erro" no código genético. Além disso, ser portador de
uma mutação não significa necessariamente que a pessoa vai desenvolver câncer,
uma doença que pode ter múltiplas causas.
Os cientistas
afirmaram que mais estudos são necessários para permitir traduzir esses
indícios genéticos em testes para prever o risco de câncer. Um objetivo mais
distante é usar este conhecimento para desenvolver tratamentos mais eficazes.
"Uma vez
que há muitos outros fatores que influem no risco destes cânceres (sobretudo
fatores associados ao estilo de vida), exames futuros precisam levar em
consideração mais fatores de risco do que apenas os genes", acrescentou
Hall.
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