quarta-feira, 17 de novembro de 2010

LEALDADE

(Artigo publicado em minha coluna semanal "Painel", no jornal Diário de Araguari)


Anos atrás, tive um chefe em certa empresa que, reiteradamente, nos dizia: negocio tudo, menos a lealdade. Era uma premissa que ele defendia, um valor que cultuava na vida profissional e balizava sua conduta no comando da equipe de trabalho. Era tido, por alguns, como um carrasco; porém, acima de tudo era justo em todas as suas ações e decisões. Se não transbordava simpatia na rotina de trabalho, por outro lado esbanjava competência e respeito profissional por todos.
O termo lealdade deve ser entendido na acepção correta, em seu devido alcance e no sentido exato da palavra. Lealdade não é sinônimo de submissão canina e cega; não coaduna com babação de ovo, ou o popular puxasaquismo, em moda desde sempre.
Seja no campo pessoal ou profissional, lealdade tem a ver com o posicionamento respeitoso em relação ao outro. Nas relações pessoais, é leal quem acolhe e ampara o amigo, mas ao mesmo tempo fala sempre aquilo que ele precisa (e não o que quer) ouvir.
No ambiente profissional, é leal aquele (ou aquela) que se comporta com o devido zelo por sua tarefa, seja ela a mais simples ou a mais complexa. É leal o profissional que, mesmo não morrendo de amores pelo chefe, cumpre à risca sua atribuição e sempre se manifesta sobre eventuais riscos que a empresa possa estar correndo; ou que possam surgir ante determinado posicionamento. E lealdade é via de mão dupla; funciona nos dois sentidos.
Nem amigo, nem chefe precisam ser bajulados. Devem, isto sim, receber de nossa parte demonstrações explícitas do cuidado que temos consigo e, no caso do ambiente de trabalho, com o resultado dos negócios sob seus cuidados. Ainda que sejam, tais demonstrações, assertivas contrárias ao pensamento predominante e às decisões tomadas.
Na seara pessoal, ainda que a lealdade possa causar mal estar momentâneo, ela é preferível à falsa demonstração de amizade, que consente no erro para não desagradar. E pode acabar empurrando o amigo para o abismo.
No campo profissional, ainda que a lealdade cause ligeiras áreas de atrito, é ela quem garante a eficácia das ações, o sucesso dos projetos, e marca a linha divisória entre o sucesso e o insucesso. Chefes que se iludem e se contentam com paparicos, salamaleques e mimos de subordinados, são fortes candidatos a enormes dores de cabeça no futuro; acabam condenando a empresa ao fracasso e suas carreiras profissionais ao ocaso.
Exemplos disto não faltam; tanto na área privada quanto na pública...

Boa semana a todos.