quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mozarildo diz que problema da saúde no Brasil não é falta de dinheiro

DISTRITO FEDERAL-Publicação do portal BV News, 23 de novembro de 2010


O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) afirmou que a saúde pública no Brasil é ruim não por falta de dinheiro para o setor, mas devido à corrupção e à má gestão praticada pelos dirigentes da área. Ele disse que, como médico, ex-diretor de hospital e ex-secretário de Saúde, pode garantir que o problema não é falta de recursos.

"O que falta é vergonha na cara de quem dirige o setor de saúde, de quem é responsável, a começar pelo prefeito, pelo governador, pelo presidente da República, de cobrar realmente que a saúde seja tratada de maneira séria", afirmou Mozarildo.

Para exemplificar sua afirmação, o parlamentar citou reportagens publicadas recentemente pelo jornal Folha de Boa Vista sobre cerca de duas toneladas de medicamentos que foram encontrados enterrados em um aterro sanitário no município de Rorainópolis, no sul do estado de Roraima. Além de não ser a destinação correta de descartes hospitalares, disse o senador, as fotos do jornal mostram que boa parte dos remédios ainda estava dentro do prazo de validade.

"Eu fico indignado como cidadão - como médico mais ainda - de ver como se comete um tipo de roubo, de corrupção, com um medicamento que se destina ao pobre, que é quem se serve do serviço público", disse.

Mozarildo lembrou já ter denunciado da tribuna do Senado outras irregularidades na área da saúde em Roraima, como compra de remédios sem licitação, superfaturamento e falsificação de prontuários. O senador disse que ele e outras pessoas do seu estado já sofreram ameaças de morte devido a essas denúncias.

Em aparte, o senador Paulo Paim (PT-RS) elogiou a coragem do colega em denunciar casos de corrupção em Roraima e disse que a saúde pública no Brasil está realmente em uma situação difíci.

COMENTÁRIO DO BLOG: 

o senador tenta simplificar uma questão por demais complexa, "jogando para a torcida" e repetindo o refrão do governo federal. A corrupção existe em todas as áreas da administração pública; inclusive na saúde; e deve ser combatida. Porém, os valores per capita repassados pelo Ministério da Saúde aos municípios são insufucientes para fazer frente à demanda gerada por seus colegas médicos, muitas das vezes de forma irresponsável, sem a devida investigação clínica, gerando alto número de pedidos de exames especializados (caros e realizados em suas próprias clínicas particulares) e internações evitáveis; sobre esta questão o médico/senador não joga os holofotes, claro.

Se o senador prestar atenção ao que diz outro ex-gestor da saúde, de razoável respeitabilidade (Adib Jatene) talvez repense sua postura demagógica e típica de político sem compromisso com as políticas públicas. Ou então, que convide para clarear suas idéais, outro médico especializado em economia da saúde: Gilson de Carvalho.

Que tal, ainda, o médico/senador empunhar a bandeira de um maciço investimento federal em infraestrutura de saúde, para implantar pelo país afora serviços públicos eficientes, com o devido provimento tecnológico e de pessoal (via concurso público)? Ele se habilitaria??

Em tempo: qual terá sido, nos últimos 07 anos, a posição do senador em relação à regulamentação da Emenda Constitucional 29, que mofa nos escaninhos do Congresso Nacional ?

Menos, doutor senador... menos...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

NINGUÉM VIU ?

(Artigo publicado em minha coluna semanal "Painel", no jornal "Diário de Araguari", edição de 23.11.2010)


NINGUÉM VIU ?


O recente caso do rombo de - no mínimo – R$ 2,5 bilhões no Banco Panamericano, traz à tona algumas questões que, mesmo recorrentes, não são devidamente cuidadas.

A primeira delas é o céu de brigadeiro onde flutuam os bancos brasileiros, praticando taxas de juros altíssimas, que lhes proveem lucros cada vez mais estratosféricos. As folgas no spread bancário brasileiro são de causar inveja a qualquer agiota estrangeiro.

Outra questão é o socorro ao Panamericano, provido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), mantido pelo próprio pool institucional privado do setor, visando garantir certo grau de segurança dos depositantes. Neste caso, as garantias oferecidas pelo Banco Panamericano para o empréstimo são as próprias empresas do grupo Silvio Santos. A preocupação que fica é imaginar que as demais empresas possam ter sido tão mal geridas quanto o banco. Neste caso, as garantias poderiam não garantir nada.

Com o socorro feito pelo FGC, o Banco Central do Brasil informou que não serão utilizados recursos públicos para a operação-abafa. Mais ou menos correto. Pois a sustentação do FGC se dá através de recursos aportados pelo sistema bancário, cujas reservas e lucros são extraídos do consumidor, via tarifas e juros. Resta avaliar, então, de que tipo de “recursos públicos” se fala, pois o público em geral utiliza serviços bancários. Então, por via oblíqua, o povo vai, sim, pagar o pato (como sempre).

A terceira questão do engodo, fica por conta de –lamentavelmente - mais uma série de auditorias lenientes, frouxas, senão coniventes com o crime.

Preocupante a desfaçatez com que algumas empresas de auditoria compactuam com descontroles administrativos, irregularidades, fraudes e mascaramentos de resultados, induzindo investidores e o mercado de forma geral a erros e prejuízos.

No caso do Panamericano, o cheiro de pizza se espalha. Os controladores do banco não sabiam de nada irregular. O conselho fiscal também não. A auditoria idem. Num passe de mágica fizeram R$ 2,5 bilhões virarem pó.

O problema não está na auditoria em si, ainda a mais eficaz ferramenta para garantir a lisura dos negócios, através da avaliação dos controles internos e dos registros contábeis. O problema está na epidemia de safadeza que contaminou um país onde, para muitos, a seriedade profissional virou sinônimo de pecado e a decência sinônimo de ingenuidade.

Boa semana...

edilvomota@hotmail.com

http://saudenatela.blogspot.com