quarta-feira, 11 de agosto de 2010

TÁ DOMINADO (!?)

(artigo publicado em minha coluna semanal "Painel", no jornal Diário de Araguari, em 10.08.2010)

O noticiário semanal “Fantástico”, da TV Globo, mostrou no último domingo duas matérias em seqüência e que, aparentemente, aparentavam não guardar qualquer relação entre si. Somente na aparência.

A primeira reportagem relatou a vida tranqüila dos traficantes de drogas na cidade do Rio de Janeiro. Em especial, o sossego de um chefe do tráfico que, como os demais, circula livremente com metralhadora em punho e pistola na cintura e comercializa drogas ao ar livre, em plena luz do dia, enquanto crianças e adultos seguem (ou tentam seguir) sua rotina normal(?).

O traficante mostrado pela reportagem é um dos condenados pelo violento assassinato do jornalista Tim Lopes, da Rede Globo. Condenado a mais de 20 anos pelo tribunal do júri, teve a prisão relaxada após 5 anos e, numa das saídas para um sereno passeio, decidiu não mais voltar. Ou seja, um criminoso de alta periculosidade é tratado como um delinqüente juvenil e praticamente devolvido ao cenário do crime pelo próprio poder público, que deveria mantê-lo fora de circulação e do contato com a sociedade.

Os depoimentos do irmão de Tim Lopes e do coordenador do “Disque Denúncia” foram um misto de indignação, revolta e desesperança. Nas palavras do coordenador do Disque Denúncia, a boa vida do traficante homicida é “um acinte à cidadania!”.
Na reportagem seguinte, o programa “Fantástico” denunciou as viagens de araque de vereadores, gastando dinheiro público em “seminários” e “cursos de preparação de vereadores”. Viagens bancadas pelo dinheiro do contribuinte, com direito a praia, festas e passeios; com o devido acompanhamento de familiares, para aliviar a solidão de “suas excelências”.

O que as duas matérias têm a ver entre si? Tudo...

É da desfaçatez com o interesse coletivo, da falta de critério dos partidos políticos na admissão de filiados na indicação de candidatos a cargos eletivos, da falta de fiscalização dos atos dos agentes públicos (inclusive parlamentares), da omissão em relação às políticas sociais, de tudo isso (e um pouco mais) é que se cria o “clima” para a proliferação do crime (organizado ou nem tanto).

A verdadeira crise do Brasil não é econômica, nem política. É crise moral mesmo!

Já passa da hora de uma atitude coletiva contra esse circo.

Boa semana a todos (se a consciência nos permitir).



edilvomota@hotmail.com
http://saudenatela.blogspot.com/

2 comentários:

Aristeu disse...

Não há dúvidas que nossa crise seja moral, mas como endireitar? Ouvi certa vez de algum estudioso que se fossem mortas todas as pessoas acima de doze anos ainda assim a imoralidade continuaria e talvez pior.

Anônimo disse...

No dia em que cobrarmos resultados dos políticos que elegemos com o rigor que cobramos do técnico da seleção brasileira teremos um país melhor.