segunda-feira, 26 de abril de 2010

CHICO XAVIER: O MENSAGEIRO DA PAZ

(artigo publicado em minha coluna semanal "Painel", no jornal "Diário de Araguari", em 27.04.2010)


Todo o país comenta sobre a película “Chico Xavier – O filme”. Espero passar a furor da estréia e saborear o filme calmamente, da mesma forma serena como Chico conduziu sua missão terrena.

Na minha modestíssima trajetória profissional, no início dos anos 1990 o destino nos levou, a mim e minha família, a residir em Uberaba, no alto do bairro Fabrício. Ali fiz inúmeros amigos e por três anos trabalhei no comércio de suprimentos para copiadoras e aparelhos de fax, que haviam chegado ao mercado recentemente.

Em 1992, quis o destino me pregar uma peça e me proporcionar o mais rico e inebriante momento de minha vida. Estava eu na empresa, quando certo empresário da cidade me telefonou e indagou o preço do aparelho de fax. Fechado o negócio, fui orientado a instalar o equipamento da residência de Chico Xavier, na Rua Dom Pedro I, no bairro Parque das Américas.

Meio atordoado, fiz questão de me incumbir pessoalmente da tarefa. Na data e horário agendados com seu filho adotivo, Eurípedes, cheguei à modesta casa. Fui atendido por Eurípedes, que me conduziu a um cômodo inundado por livros, onde instalei o aparelho de fax e, pacientemente, orientei sobre o funcionamento da novidade.

Terminada a tarefa profissional, indaguei a Eurípedes se Chico Xavier estava em casa e se eu poderia avistá-lo. Eurípedes assentiu e me conduziu à modesta cozinha, onde Chico se encontrava sentado à mesa, sozinho e meio que absorto nas próprias reflexões. Entre ansioso, emocionado e trêmulo me apresentei ao grande médium que me convidou a sentar consigo, o que fiz após beijar sua mão e seu rosto.

Dezoito anos passados daquele momento mágico, lembro-me como se fosse hoje do início de nosso diálogo. Disse a Chico que era uma honra estar ali, em sua casa, e conhecê-lo pessoalmente. Serenamente, com um sorriso estampado no rosto, Chico respondeu que a honra era dele em me receber em sua modesta morada. Conversamos, a sós, cerca de meia hora. Foram os trinta minutos mais iluminados que pude vivenciar. Tive a clara certeza de estar muito, mas muito mais perto de Deus do que já pudera estar.

Ao me despedir, pedi que Chico autografasse meu exemplar de “O evangelho segundo o espiritismo”, que mantenho desde então com sua linda dedicatória. E deixei aquela casinha modesta, que sequer laje possuía, com a certeza de que minha vida havia sido abençoada para sempre.

Não, não... não se trata de falar em conquistas materiais, que de resto não as tive. A realização do ser humano não se dá na medida que muitos julgam adequada, recheada de coisas e hipocrisias e por vezes vazia de harmonia, respeito ao semelhante e paz na consciência.

Aquele contato com Chico Xavier inundou meu espírito de força, suficiente para enfrentar as intempéries que viriam vida afora - e como vieram! Eis que, quatro anos atrás, nos piores momentos que até hoje pude vivenciar, um dia me indagaram como eu conseguia me manter sereno, apesar de tudo.

Devolvi ao interlocutor apenas um leve sorriso, para que ele mesmo buscasse a compreensão.

edilvomota@hotmail.com

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