(Artigo publicado em minha coluna semanal "Painel", no jornal Diário de Araguari, edição de 10.05.2011)
SELVA DE PEDRA
Parodiando a novela de sucesso dos anos 70, tomamos emprestado o título e a angústia, quando assistimos atônitos ao massacre de árvores no espaço urbano. Em nome de um progresso de gosto duvidoso, que nas últimas décadas não trouxe, necessariamente, ao homem mais qualidade de vida nem sabedoria, a natureza vem sendo asfixiada por asfalto, cimento e ganância.
O que antes era bonito, Manoel, vem quedando ante o rito e o frenesi de motoserras, foices, picaretas e gritos. Madeira de dar em doido é coisa do passado. Hoje, doido é o afã de cimentar a história e condenar gerações futuras a perder as raízes de seus antepassados e suas origens. Raízes que mantinham viva a exuberância de sibipirunas, jazem retorcidas sob o sol inclemente.
Em doses nada homeopáticas, a natureza responde com avalanches, tufões, terremotos, tsunamis e enchentes, de água e gente; valas soterradas, num retrato mal acabado de um mundo que poderia (e deveria) ser melhor.
Em busca de votos e interesses pessoais, candidatos políticos desfilam modelos vistosos, partidos, verdes no discurso e cinzentos na ação, sem consciência ambiental nem compromisso com os homens ou a natureza. Ideologia mais curta que coice de porco, diria minha avó. Depois de eleitos, a inês é morta (e a esperança também)...
Ainda há tempo - e necessidade - de tentar salvar a natureza, e as pessoas, de atos e agentes que atropelam princípios, queimam bandeiras e derrubam árvores com a naturalidade e a desfaçatez dos insensíveis, na absoluta certeza da impunidade.
edilvomota@hotmail.com
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Um comentário:
Meu amigo,
Arrepiou. O coração falou mais alto, mas a razão ficou abraçada ao mesmo.
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